Existe uma grande diferença em produzir objetivando-se
resultados e simplesmente se produzir sem o foco no resultado final.
Para se entender corretamente essa diferença será necessário
traçar um paralelo entre a “antiga encarregada” e a encarregada moderna.
Num passado, não muito distante, tínhamos encarregadas que
possuíam vícios que foram carregados até mesmo aos dias atuais. Poderemos citar
os mais comuns:
1.Ter o foco na operação e não no produto como um todo.
2.Deixar que a costureira emende uma peça na outra, para
descartar só depois do pacote pronto.
3.Executar a operação em partes, matando assim o fluxo da
mercadoria. Exemplo – fazer a barra de uma manga da camiseta o pacote todo para
somente depois fazer a outra manga.
4.Ter uma visão do individual e não do coletivo, como se as
operações não se interdependessem.
5.Analisar a performance da costureira pela prática que tem
na operação e não por sua polivalência.
6.Enxergar o corte com pacotes e não com peças.
7. “Adiantar” operações.
8.Ativar máquinas e não utilizar máquinas.
9.Achar que a qualidade não poderá existir se houver a
rapidez na execução das tarefas.
Apesar de existirem outros, esses são os erros mais
freqüentes que cometem aquelas encarregadas antigas, que nada têm a agregar de
valor para as empresas de confecção.
Para se produzir agregando valores será necessário um foco
muito grande no resultado final. Estou me referindo a números. Esse é o
objetivo de qualquer setor da produção que queira ter sucesso. De que adianta o
time jogar bem se perdeu o jogo? Que significa máquinas simplesmente
trabalhando se não existe um fluxo contínuo da mercadoria dentro do processo
produtivo, que permita a peça ficar pronta e consequentemente se transformar em
dinheiro?
Existem profissionais da área que costumam dizer: conheço a
fábrica pelo barulho! Que ignorância, pois escola de samba também faz barulho e
não produz nada! A encarregada precisa acima de tudo estar preparada para
“puxar” produção, fazendo com que a operação posterior sempre seja abastecida
pela anterior. Isso se chama fluxo de mercadoria (base da produção). As
operações isoladas nada significam para meta final, mas sim sua seqüência
ininterrupta, desta forma a encarregada tem como objetivo principal criar essa
condição.
Advogo em favor de se produzir um modelo por vez dentro do
grupo, ocupando dessa forma toda força de trabalho para tal modelo. Não
poderemos jamais ter resultado positivo se dividirmos nossa equipe para se
produzir coisas diferentes em paralelo. Primeiro termina-se um, depois se faz
outro!
Historicamente a confecção não trabalhou essa idéia ao longo
dos anos, dando a impressão (errada) que se produzir significa máquinas a todo
vapor, sem se preocupar com a “última operação”.
Para se obter êxito na produção será necessário equilibrar
as entradas e saídas de serviços nos grupos de trabalho, a fim de eliminar
qualquer possibilidade de acúmulos intermediários. Quando não se equilibra a
diferença dos tempos padrões das operações de um determinado produto, os
gargalos estão instalados e a perda de mão de obra é inevitável. Essa perda de
mão de obra passa a ser o vilão e os custos operacionais acabam por sufocar o
departamento financeiro da empresa.
Portanto, empresário de confecção, não produza operações,
mas sim peças completas que possam atender seu pedido gerando faturamento
necessário para “bancar” o mais tarde possível suas despesas de abastecimento
produtivo.