sexta-feira, 28 de outubro de 2016

O SETOR DE ACABAMENTO

Muitas vezes, quando falamos em produção de uma confecção, nos referimos ao setor de costura simplesmente, como se fosse o único setor na cadeia produtiva. Grande erro, pois temos além do corte o setor que finaliza a peça, que é o acabamento. Evidente que estamos nos referindo somente ao operacional, pois também considero o PCP parte integrante do setor produtivo, muito embora seja um setor burocrático e não diretamente operacional.

O que estamos chamando de acabamento?

Esse setor deve ser aquele que recebe a peça da costura e termina o produto, sendo assim teremos – limpeza de fios, revisão da peça pronta, passadoria, colocação dos Tags, embalagem, enfim toda operação posterior à costura.

Assim como na costura, o acabamento é composto por uma série de operações com tempos padrões diferentes e desta forma deveremos fazer uma “receita de fabricação” para esse conjunto de operações, pois embalar tem tempo diferente de revisar, que tem tempo diferente de passar que por sua vez tem tempo diferente de colocação de Tags e assim por diante. Desta forma cada uma dessas operações deverá ser trabalhada com minutos diferentes para obtermos o mesmo número de peças em cada operação. Exemplo –

Limpar fios – 0,50 minutos
Revisar – 1,20 minutos
Passar – 1,45 minutos
Embalar – 0,75 minutos

Nesse conjunto de operações se a meta for igual a 100 peças por hora, deverei ter uma receita conforme a tabela abaixo –

Limpar fios – 50 minutos
Revisar – 120 minutos
Passar – 145 minutos
Embalar – 75 minutos

A partir dessa ideia minha necessidade é de 390 minutos distribuídos conforme o grau de dificuldade de cada operação e nesse caso resume-se em seis pessoas e meia, pois aplicamos a seguinte equação – 3,90 (tempo total da tarefa x 100 peças – meta) = 390 minutos, ou seja – seis pessoas e meio tempo de uma sétima.
Como podemos observar essa receita de fabricação permitirá um aproveitamento pleno da minha mão de obra.

O interessante é que todas as operações são manuais, pois não envolvem máquinas, mas também exigem uma multifuncionalidade das operadoras uma vez que teremos diferentes tempos para cada fase do processo que chamamos de acabamento.

De nada adiantaria “nadar o oceano todo e morrermos afogados na praia”. Quero dizer com isso que não basta somente costurar, mas é necessário terminar a peça parar entregarmos ao cliente.


Nunca esquecer que produzir em uma confecção significa – cortar, costurar e embalar...

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O TEMPO NÃO PARA

Achar que vamos recuperar produção, quando perdida, é engano completo. O tempo não para. Desta forma podemos dizer que quando deixamos de confeccionar uma peça ela contribuirá para que o custo cresça e favorecerá o concorrente.

Se para produzir uma determinada operação gasto um minuto, significa que poderei produzir sessenta no período de uma hora. Caso não produza nenhuma peça nessa hora, jamais poderei produzir cento e vinte peças na próxima hora, até porque nada mudou – a próxima hora também será composta de sessenta minutos e a operação continua sendo de um minuto. Então como recuperar? Impossível!

Os gestores de produção costumam se enganar dizendo que a produção será recuperada, engano. A não ser que busquemos mais recursos para se produzir mais. Quais seriam esses outros recursos? 

Horas extras, talvez, mais equipamento, mais mão de obra, ou seja, alterar as condições de carga de trabalho. Isso não costumo chamar de recuperar, mas sim buscar outras alternativas para amenizar a perda. Chamo de amenizar a perda porque seja qual for o recurso, contribuirá para o aumento do custo operacional.

Não podemos deixar de dar razão aos nossos antepassados que diziam que tempo é dinheiro. Esse é um ditado verdadeiro que o gestor da produção muitas vezes não considera e para “mascarar” uma ineficiência usa esse argumento pobre – “recuperar”.

Vamos ser realistas – na produção quando se perde, realmente se perde! Posso fazer outro, aquele que se perdeu, jamais farei.

O tempo é cruel. Implacável. Não volta atrás, sendo assim qualquer desvio em nossos resultados poderá comprometer todo um trabalho planejado.

Sendo assim o departamento que cuida do planejamento da fábrica deverá ficar muito atento quanto ao acompanhamento da produção, agindo rapidamente a qualquer alteração em nosso sistema produtivo.

Isso chamo de “acompanhar” a produção, pois somente assim poderemos cumprir datas de entregas de pedidos. Aliás essa função é a principal do PCP, que muitas vezes se limita a planejar, mas não acompanha o processo produtivo em seu fluxo. Existem no mercado diversos sistemas avançados que poderão servir de ferramentas para que esse PCP trabalhe eficientemente.

Portanto afirmo que recuperar uma produção perdida é impossível e desafio qualquer gestor fazer o dobro, com os mesmos recursos, só porque não fez no período anterior. Muitas vezes tentamos nos enganar, mas...

Existem gestores que gostam de se enganar e muitas vezes, ou quase sempre, jogam a responsabilidade para o piso de fábrica, que por sua vez leva o rótulo de incompetente.


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

O QUE DEFINE A PRODUÇÃO

Muita fábrica sofre a síndrome do acúmulo intermediário em seu processo produtivo. Isso é um fato que persegue a maioria das nossas confecções. Porque a produção da fábrica é fraca se temos boas costureiras, as operações são feitas nos tempos corretos e tudo parece caminhar acertadamente?

A resposta é uma só – não basta a costureira ser boa ou fazer a operação no tempo correto, é necessário equilibrar a diferença dos tempos padrões das operações.

Partindo da premissa que produção é peça pronta, pergunto – “como produzir equilibradamente as operações de um determinado produto, se acima de tudo tenho operações com diferenças de tempos”?

Existem operações simples que demandam pequenos tempos, por outro lado temos operações complicadas que os tempos são elevados. Mas independentemente dessa diferença tenho que produzir o mesmo número de peças. Como fazê-lo? Só temos uma resposta – trabalhar mais minutos as operações difíceis e menos tempos as operações mais simples. O exemplo abaixo explica melhor essa afirmação –

Operação A – 0,60 minutos
Operação B – 0,45 minutos
Operação C – 1,20 minutos

Se, para esse produto a meta for 40 peças por hora, deveremos trabalhar
Operação A – 0,60 x 40 = 24 minutos
Operação B – 0,45 x 40 = 18 minutos
Operação C – 1,20 x 40 = 48 minutos

Como podem observar para produzirmos as mesmas 40 peças em cada operação deveremos trabalhar minutos diferentes cada uma das três operações.

Isso chama-se receitas de fabricação. Uma das regras da TEG (Tecnologia de Eliminação de Gargalos) que tanto temos mencionado aqui nessa coluna semanal.

O grande problema é que por falta de informação ou mesmo a falta de respeito à essa regra as confecções não se preocupam em alinhar essas diferenças de tempos, ocasionando dessa forma acúmulos intermediários no processo produtivo, o que ocasiona o desequilíbrio das tarefas e fatalmente desperdício de mão de obra. A consequência é custo operacional elevado conforme a má utilização das costureiras.

Aconselhamos aos administradores da produção que trabalhem de modo a sempre produzir o mesmo número de peças para cada operação do produto, mesmo que as diferenças de tempos existam.

Estude o processo, verifique e respeite essa diferença e produza eficientemente, pois caso contrário estará apenas ativando seus recursos e não utilizando esses recursos.
O que define sua produção é o equilíbrio dos tempos padrões e não a otimização da operadora em relação à operação.


Produza, fature e seja feliz...

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

METAS PARA O SETOR DE CORTE

Criar metas para o setor de corte em uma confecção nem sempre é tão simples como no setor de costura.

O setor de costura tem apenas uma variável – o tempo de execução da tarefa. Já não podemos falar o mesmo do setor corte que possui muitas variáveis e desta forma poderão alterar os tempos de fabricação.

Quais seriam as variáveis do corte?

Deveremos tomar cuidados com – comprimento do enfesto, largura do tecido, tipo de encaixe, altura do enfesto. Em virtude dessas variáveis poderemos ter tempos diferentes e consequentemente metas diferentes para o mesmo produto se essas variáveis não forem observadas.

Sendo assim o cronometrista responsável pela tomada de tempos nesse setor deverá ser conhecedor dessas variáveis a fim de obter o melhor equilíbrio possível entre comprimento versus altura do enfesto, por exemplo. Será que ganhamos tempo fazendo um enfesto longo com poucas folhas ou será melhor um enfesto curto com muitas folhas? Cada caso deverá ser estudado e praticado.

Evidente que o setor poderá ter resultados diferentes conforme os recursos da sala de corte, 
encontramos empresas com equipamento moderno, outras ainda enfestando manualmente e cortando com poucos recursos.

O importante, como em todos os setores, é um melhor aproveitamento do material humano que deverá ser otimizado.

Outro fator que muitas vezes compromete os resultados do corte é não fazer os cortes completos.
  
Quando uma peça exige complementos (forros, golas, etc.) eles deverão ser cortados simultaneamente. Um enfesto para o tecido principal e imediatamente o enfesto secundário para que o produto esteja pronto para ser encaminhado para a costura.