Quando um número não é atingido em nosso processo produtivo,
dificilmente a responsabilidade é da costureira. Não é por causa do mau
desempenho dela, mas geralmente em conseqüência de falhas no seu comando.
Se observarmos o caminho que o pedido faz na empresa, desde
a sua chegada, logo poderemos detectar falhas imensas que não permitirão bons
resultados no final (produção propriamente dita). Quem sofre e paga pelos erros
administrativos são as costureiras que em muitos casos são taxadas de
incompetentes, quando na verdade a incompetência “mora” nas fases anteriores
desse processo (geralmente no planejamento e programação).
Vejamos:
Em primeiro lugar a líder do grupo de costureiras não tem
atitudes e permite o crescimento desses problemas. Essa sua falta de ação
desmotiva e desvaloriza esse grupo de costureiras que não vê nessa liderança a
coragem e o dinamismo que o cargo exige. Em segundo lugar, o pessoal do PCP não
abasteceu corretamente o grupo de trabalho, permitindo que a mercadoria a ser
fabricada entrasse sem os devidos aviamentos o que paralisou o processo. Para
completar não houve um estudo (por parte da chefia) do modelo que se iniciou e
as dúvidas em relação ao método de fabricação são enormes, mais uma vez
provocando paralisações.
Cada vez que existe uma troca de modelos no setor produtivo
é um “parto”, pois mais uma vez as receitas de fabricação não foram feitas a
tempo ou ainda foram feitas sem critérios (problemas gerados pelo setor de
tempos e métodos).
As operações de apoio ou preparação para a costura não
acompanham a velocidade necessária para evitar interrupções, pois a líder não
percebeu que elas fazem parte do processo. Cada vez que existe uma necessidade
de focar a atenção em um gargalo de produção, esse fato passa despercebido,
pois a líder acredita que trabalhar é com as mãos e nunca com a “cabeça”.
Nesse mar de problemas como poderemos culpar a costureira
pelos números ruins? Seria no mínimo injusto...
Podemos também dizer que a costureira não fez a operação no
tempo correto, poderemos culpá-la de má vontade e falta de ritmo de trabalho,
mas se isso está acontecendo é porque a líder permitiu e não tomou providências
na hora certa.
Desta forma se formos
numerar os problemas poderemos colocá-los como segue:-
- Falta
de planejamento e programação.
- Falta
de atitudes dos líderes da produção.
- Falta
de uma receita de fabricação bem trabalhada não permitindo um fluxo de
mercadoria.
- Falta
de acompanhar a produção – minuto a minuto.
- Utilizar um método ultrapassado onde a individualização do processo prevalece sobre o conjunto.
Aí perguntamos (a não sei quem) – a culpa é da costureira?
Não, não e não... Mas
sim de uma administração falha, que por falta de competência ou falta de
profissionalismo conduz de forma errada o grupo de trabalho. Isso acontece
porque a vaidade aparece em primeiro lugar e esse pseudo-administrador precisa
de alguém para culpar e justificar os seus maus resultados. Esse alguém é a
costureira, afinal, já dizia meu avô:- “a corda sempre arrebenta do lado mais
fraco”.
Desta forma afirmo que a costureira não é a causa do
problema, mas sim conseqüência de uma péssima administração. Afirmo que esse
fato ocorre em 90% dos casos em nossas confecções.