sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O COMBUSTÍVEL DA PRODUÇÃO

Tenho sido até repetitivo quando afirmo que um bom fluxo da mercadoria é o responsável pelos resultados positivos no processo de fabricação.

Para cada peça que se confecciona deverá ter outra peça entrando no grupo de trabalho, com a mesma velocidade. Vejam que disse com a mesma velocidade.

Se você optou em controlar sua produção de hora em hora e faz disso uma regra, não se esqueça que a primeira operação é quem determina esse fluxo, ou ainda, digo que a primeira operação é o combustível para que o grupo atinja suas metas.

Muitas vezes observo um grupo de trabalho que não atinge metas, mas mesmo assim não acumula peças no processo. Isso é no mínimo curioso. Fácil de descobrir o problema: - a velocidade da entrada do produto no grupo foi lenta, ocasionando um desabastecimento efeito dominó.

Se sua meta é, por exemplo, 100 peças por hora e só foram feitas 70, não cometa o “pecado” de abastecer o grupo com 70 peças, na próxima hora, pois não acumulará e desta forma o problema foi mascarado, não permitindo que se detecte o real ponto de fracasso.

Você pode estar pensando que se colocar 100 peças no próximo horário acumulará na operação que falhou. Certo? É justamente isso que queremos: - o acúmulo na operação problema, a fim de podermos resolvê-lo, caso contrário não detectaremos o desvio.

Aconselho que seja criado um controle de entrada de mercadoria no grupo, já que o controle de saída você já tem, é a produção da hora (que acredito que esteja sendo feito com rigor).

Desta forma a cada hora que você apurar a produção, coloque na entrada do grupo o número de peças correspondentes à meta. É o combustível da próxima hora.

Recomendo também que a costureira que estiver envolvida na primeira operação, conforme a receita de fabricação, faça também a última operação de forma distinta das demais. A costureira “gasta” todos os minutos na primeira operação e somente depois se desloca para fazer a última operação, obedecendo evidentemente os minutos conforme essa receita.

Até porque, como que você poderá fazer 100 peças por hora se está abastecendo com apenas 70? Seu carro sem gasolina não anda! A produção sem entrada de peças não tem saída de peças...

O mais curioso disso tudo que esse problema é muito frequente em nossas fábricas, o que mostra uma falta de acompanhamento por parte da liderança que utiliza seu tempo de forma errada e evidentemente não sobra tempo para o mais importante, que é o controle da sua receita de fabricação.

Aí vai uma dica importante – “sempre procure colocar a costureira mais forte numa operação inicial, a fim de poder alimentar o grupo e se possível, desloque-a para a última operação, para permitir que enquanto as operações intermediárias vão sendo feitas, essa costureira da primeira operação tenha tempo de se deslocar para a última”.


Isso é malícia, é vivência que só poderá acontecer se a encarregada “treinar” e com o tempo usufruir de mais técnica para vencermos a concorrência...



sábado, 20 de fevereiro de 2016

QUALIDADE EM DOIS TONS

A qualidade de um produto deve ser ditada pelo fabricante e nunca pelo cliente. Explico: -
Ouço e fico admirado quando alguém diz: - “Cuidado com a qualidade desse produto porque é para o cliente X”. Pergunto, como assim? Só esse cliente merece receber um produto com qualidade? E os outros podem receber produtos com menor qualidade?

Acontece que logo vem a explicação – “ Esse cliente é mais exigente”. Absurdo! Todos deveriam ser, só assim essa fábrica “aprende” a trabalhar respeitando a qualidade.

Quando falamos em qualidade devemos sempre analisar em duas facetas – a qualidade do projeto e a qualidade do produto.

Qualidade do projeto é algo mais amplo, onde deveremos cuidar de todos os detalhes desse produto – uma matéria prima mais cara, talvez, um processo de fabricação com mais sofisticação, ou coisa parecida. Já quando falamos em qualidade do produto estamos falando especificamente do produto. 

Não é porque a matéria prima não é aquela de nível altíssimo, por exemplo, que poderemos costura-la com defeito.

Podemos ter uma peça fabricada com excelente qualidade e um bom preço em virtude da matéria prima e insumos não serem aqueles que atendem um público sofisticado, porém sua qualidade é boa. 

Não é porque o tecido é mais barato que faremos uma peça com má qualidade.

Qualidade acima de tudo é a satisfação do cliente. Um fusquinha deve ter a mesma qualidade de uma Mercedes. A Mercedes atenderá um consumidor, o fusquinha outro, mas ambos precisam ter qualidade.

Isso tudo é diferente de escolher o cliente para ter qualidade.

A qualidade só acontecerá se a filosofia for bem implantada na empresa. Qualquer produto, para qualquer cliente só poderá ser fabricada com muita qualidade, caso contrário teremos uma falha na “gestão qualidade”.

  

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

UMA DEMISSÃO NECESSÁRIA

Lamento muito quando um empresário “segura”, em sua empresa, uma pessoa que” não está mais a fim”.

Quero saber se alguém tem como justificar a permanência de um funcionário que não têm mais nenhum compromisso com seu trabalho.

Afirmo categoricamente que funcionário contrariado dentro da fábrica é um “estrago” incalculável.

Desperdiça material, estraga equipamento e acima de tudo “solta um veneno” perigoso fazendo com que o seu bom funcionário também se torne problema no futuro.

Ai o “ grande empresário” me diz uma frase triste e que mostra toda sua falta de visão administrativa: 
 “ Não vou dispensá-lo porque é isso que ele quer, como vou premiá-lo”? “Além do mais sua dispensa custa muito dinheiro”. Não acredito que ouvi isso. Tenha certeza, meu amigo, que o dinheiro que está perdendo, mantendo-o na fábrica, é infinitamente maior que qualquer indenização que você possa pagar para esse infeliz.


Visão. Enxergar um pouco mais adiante para não chorar depois...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

FRASES MALDITAS

Existe um vocabulário que não cabe mais à um processo produtivo eficiente. Tenho certeza que todos os leitores dessa coluna já ouviram pelo menos uma vez, alguém dizer coisas do tipo: -

“Vai adiantando a operação”; ou a costureira se dirige à encarregada e pergunta: - “o que eu faço agora”? Ou ainda –“ o tempo dessa operação foi tirado de outra costureira, eu não tenho prática”; assim também você já ouviu muito: - “agora tenho que ter qualidade? Faço bem feito ou faço rápido”? “ Isso é muito difícil, precisamos preparar”. “Vamos criar um acúmulo aqui para a próxima operação não parar”... Frases malditas que eliminam a chance de ter boa produção.

Acredito que você não se assustou, pois isso é muito frequente em fábricas ineficientes. Quem é o responsável?  Poderia dizer que é a encarregada, ou a gerência ou o diretor da empresa, ou mesmo todos juntos...

Se isso está acontecendo em sua fábrica tome cuidado porque fatalmente o fim desse filme é muito triste. Acontece que existem pessoas que acham que “sabem tudo”, são teimosas e nunca gostaram de “estudar” a produção... Eu disse estudar. É uma matéria que precisa de muito estudo, não de curiosos que “matam” as fábricas por aí, como tenho visto...

Ninguém é obrigado a saber tudo, concordo, mas é obrigado a aprender, estudar, ser curioso, reinventar processos, procurar ser eficiente, trabalhar em prol da manutenção de regras e obedecer às normas e procedimentos que foram criados.


Não estou exagerando, podem ter certeza, se isso tudo não for eliminado dessa fábrica, aí sim, teremos uma frase maldita – “ a empresa quebrou”...