EXERCÍCIO DE RECEITA DE FABRICAÇÃO

 

Para podermos ter um bom aproveitamento da mão de obra no processo produtivo é necessário trabalhar minutos diferentes em cada operação, uma vez que cada uma dessas operações tem tempos diferentes.

Partindo do princípio que produção é peça pronta e quero produzir X peças, deverei ter X peças em todas as operações independentemente do grau de dificuldade de cada uma delas. Vamos fazer um exercício para confirmar essa afirmação. Imaginemos que tenho um produto com 5 operações, conforme segue abaixo

Operação   Tempo

      1                    1,00 minuto

      2                     0,50 minuto

     3                     2,00 minutos

     4                     1,50 minuto

     5                     1,00 minuto

Se esse for o produto que quero produzir com quatro costureiras, por exemplo, deverei em primeiro lugar definir a meta/hora do produto. Como fazê-lo?

Passo A – 4x60 = 240 minutos, ou seja, os sessenta minutos de cada costureira, definem

minha carga/hora.

Passo B – como vemos acima, tenho um produto de 6,00 minutos, dessa forma se eu dividir 240(carga/hora) pelo tempo total do produto, tenho 40 peças (minha meta por hora).

Passo C – Para produzir 40 peças/hora, preciso produzir 40 peças em cada operação, independentemente de ter tempos diferentes em cada uma delas. Como fazer? Só tem uma forma – TRABALHAR MINUTOS DIFERENTES CADA OPERAÇÃO. Sendo assim devo definir a necessidade desses minutos por operação. Partindo da meta definida, vejamos a ação

Passo D – Operação nº 1 – 40 minutos.

                  Operação nº 2 – 20 minutos.

                  Operação nº 3 – 80 minutos.

                  Operação nº 4 – 60 minutos.

                  Operação nº 5 – 40 minutos.

Definidos os minutos de cada operação, partirei agora para a distribuição desses minutos para as costureiras, no próximo passo.

Passo E – Como cada costureira tem uma carga de 60 minutos, poderei montar uma Receita de Fabricação da seguinte forma: -

Primeira costureira – Trabalha 40 minutos na operação nº 1 e 20 minutos na operação nº 2

Segunda costureira – Trabalha 60 minutos na operação nº 3

Terceira costureira – Trabalha 20 minutos na operação nº 3 e 40 minutos na operação nº 5

Quarta costureira – Trabalha 60 minutos na operação nº 4

Dessa forma trabalharei os minutos necessários para produzir 40 peças em cada operação sem desperdício de Mão de obra, sem acúmulos intermediários e com abastecimento perfeito, contribuindo para redução de custos operacionais.

A IMPORTÂNCIA NO PROCESSO ADMISSIONAL

 

Muito tem-se valorizado o RH, nas empresas.

Confesso que um processo admissional bem eficiente contribui sobremaneira para os resultados na empresa. Na produção não é diferente.

Quando um candidato se apresenta para preencher uma vaga ele deve ser entrevistado e testado por pessoas com habilidade para tal. Considero que antes de mais nada, um bom profissional precisa ser uma boa pessoa. Costumo dizer que nem sempre uma boa costureira é uma boa funcionária. Ser bom tecnicamente não garante ser bom funcionário.

Quando falamos em admitir líderes então, aí a coisa fica mais complicada ainda, até porque sabemos que esse é o profissional que comandará uma equipe.

Aconselho o gestor de RH a escolher esse novo líder pelo “brilho que tem nos olhos”. Isso é que fará toda a diferença, no sucesso dessa admissão. Tenho visto muito líder com bastante conhecimento técnico, mas sem o que chamo de brilho nos olhos. Nem preciso dizer da diferença nos resultados ...

 

A AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DO LÍDER

 

Podemos avaliar a capacidade de um líder quando existem problemas no processo produtivo, isso é muito curioso e verdadeiro.

Quando as coisas caminham normalmente conforme o programado, o grupo quase que se auto sustenta, porém quando existe algum desvio naquilo que foi programado, aí sim que podemos avaliar a capacidade da liderança em “passar pelas adversidades”.

Costumo dizer que os obstáculos são frequentes na produção, mas se o líder tem atitudes diante desses desajustes, aí sim ele mostra toda sua força de corrigir aquilo que não vem bem age como um verdadeiro líder.

Considero que essa é uma das maiores qualidades desse profissional, coragem para passar por momentos difíceis, força e mostrar para seus comandados que não existem problemas que não possam ser superados...

FAZ DE CONTA...

 

Incrível como existem confecções que vivem num mundo do “faz de conta”.

Faz de conta que somos eficientes, faz de conta que temos um plano de trabalho, faz de conta que as metas existem, faz de conta que temos um fluxo produtivo, faz de contas...

Só não conseguem fazer de conta com a “conta que não fecha no fim do mês”.

Lamentável e curioso que os administradores assistem tudo “fazendo de conta que está tudo bem”. Não preciso nem comentar que essas fábricas estão à beira do caos.

Não se assuste se sua empresa faz parte desse mundo do “faz de conta”, mas aconselho você a ir mudando urgentemente sua maneira de administrar, enquanto é tempo... Acho que ainda dá tempo.

Administre com planejamento, se programe, crie regras onde os resultados deverão ser o foco do seu negócio, não seja tolerante com perdas, recrute boas costureiras, valorize o que tem de bom, seja exigente na escolha da sua liderança, enfim acompanhe os resultados em tempos curtos, para ter oportunidade de corrigir aquilo que foge dos padrões.

Pare de viver num mundo de mentiras! Seus resultados não são satisfatórios, então abandone sua zona de conforto e vá em busca números saudáveis, deixe de fazer de conta que não é o culpado, assuma suas fraquezas, busque ajuda e deixe esse mundo do faz de conta, enquanto a tempo...

BRILHO NOS OLHOS

 Se existe algo que precisa existir num líder de produção é brilho nos olhos!  Eu traduzo isso como vontade, garra, amor pelo que faz e acima de tudo exemplo para os elementos da sua equipe.

Por mais técnico e competente que um líder possa ser, jamais será um verdadeiro líder se não mostrar para sua equipe essa qualidade.

Sua vibração é contagiante, quando transmite isso num olhar...

A ANGÚSTIA DO EMPRESÁRIO

 

A indústria de confecção, no Brasil, nunca foi um atrativo. Motivos não faltam – Mão de obra mal preparada, líderes incompetentes, pessoal sem comprometimento, métodos de fabricação ultrapassados, equipamento nem sempre adequado para certas operações, impostos altíssimos, preços nem sempre justos, juros altos, enfim, ficaríamos aqui até amanhã comentando problemas que levam o empresário a uma angustia eterna.

Tenho ouvido alguns empresários e gestores de produção, de um modo geral, dizendo a seguinte frase: - “ o que cansa não é o trabalho, mas sim os problemas que tenho que enfrentar, no dia a dia”. Concordo, até certo ponto, pois que fique claro que muitos desses problemas o empresário poderia resolver sem muito esforço, alguns até com certa facilidade.

Quero afirmar que existe um ciclo vicioso nessa cadeia de problemas. Em cada área podemos fazer uma análise desses problemas, identifica-los corretamente e buscar alternativas, ao invés de ficar reclamando pelos cantos e com essa angustia maldita.

Por exemplo, nessa preparação de mão de obra. Existe uma solução – treinamento.

No que diz respeito a líderes incompetentes, digo que existem bons líderes, porém precisam ser bem pagos. Tenho visto empresários pagando muito mal a sua liderança. Lembrar sempre que para ter uma boa limonada é necessário bom limão. Aí esse empresário alega que paga mal porque a líder é fraca e os resultados são ruins. Dá para entender? Quem vai quebrar esse ciclo vicioso? Será que se paga mal porque a líder é ruim, ou a líder é ruim porque se paga mal?

Investir em equipamento mais moderno ou continuar produzindo em máquinas inadequadas? Claro que para cada decisão existe uma contrapartida. Não temos dinheiro para investir. Então pagamos pelo aumento do custo operacional.

Mais uma vez, angustia da administração!

Não poderia ser diferente, pois esse gestor nem sabe onde quer chegar. Vamos acordar e tomar decisões mais assertivas? Talvez é isso que está matando de angustia o empresário do ramo de confecção...

 

A BUSCA PELA EXCELÊNCIA

 

Difícil falar em perfeição. Talvez ela não exista, porém, o que não pode deixar de existir é a busca por essa perfeição.

Realmente essa deveria ser a filosofia dos profissionais, que por não agirem dessa forma, entram numa zona de conforto e muitas vezes não percebem, muito embora, mais cedo ou mais tarde acabe se atolando num mar de resultados insatisfatórios.

 A filosofia do Kaisen (técnica aplicada pelos japoneses com muita eficiência) busca eternamente melhorar o método já existente. Não importa se o resultado é bom, mas o que vale é sempre buscar por resultado ainda melhor. Essa busca em crescer, em melhorar permite sair na frente do nosso concorrente e desta forma ter maior capacidade de competir no mercado.

 O grande problema é que os líderes que comandam o setor produtivo, por exemplo, por não terem essa visão acabam praticando a mesmice, o que contribui para a empresa “patinar” e desta forma abortam a evolução.

 Aquele velho ditado que fala – “em time que está ganhando, não se mexe” é pura incapacidade ou comodismo do comando, pois até quando esse time continuará ganhando?

 Evidentemente que pesa toda cultura de um povo. Os povos de países que foram atingidos violentamente por duas guerras mundiais, aprenderam a enxergar a vida de forma diferente, onde a necessidade de sobrevivência praticamente obrigou a busca de sempre melhorar aquilo que já vinha sendo feito. Nós, pobres latino-americanos acabamos achando que estamos fazendo sempre melhor. Desta forma não conseguimos evoluir em nosso processo produtivo, por exemplo. Nunca buscamos novos métodos, sempre fazendo “da mesma forma”, o que impede crescimento rápido e consequentemente perdendo para concorrentes.

 Você tem a possibilidade, sempre, de buscar novas e mais eficientes formas de fazer, mesmo que já venha fazendo bem! Acontece que o medo da mudança anula a possibilidade de melhorar e nossa acomodação aborta qualquer chance de evolução. Claro, é mais fácil buscar desculpas e achar que o resultado está muito bom!

Escolha seu caminho, viva em eterna mudança ou se acomode, sempre dizendo que os seus resultados são os melhores que se poderia obter.