PRÊMIO DE PRODUÇÃO - MERITOCRACIA

Valorizar a equipe cujo desempenho é bom pode ser um diferencial significativo.

Jamais poderemos desprezar as diferenças de resultados entre as equipes, pois estaríamos nivelando a produção por baixo. Quero advogar aqui em favor de premiar os bons. Mérito para quem merece! Resultado melhor – melhor salário, resultado pior – pior salário.

Acontece que nem sempre poderemos ter salários diferenciados, então poderemos corrigir esse desajuste com premiações, conforme tais resultados.

Quando falo em prêmio quero que fique claro que não é somente o prêmio material, mas outros tipos de prêmios poderão ser aplicados, tais como os prêmios que atinjam o EU da equipe com boa performance. 

Esse tipo de prêmio pode ser desde um simples elogio até mesmo a comemorações no fim do expediente, assim como um café da manhã com a diretoria da empresa, promoções, enfim, basta usarmos a criatividade...

Mas um prêmio que pode ser considerado de efeito mais agudo é realmente o prêmio em dinheiro, ainda mais considerando que o operário brasileiro ganha um salário extremamente baixo e desta forma, qualquer valor adicional terá uma grande relevância.

É importante saber que esse prêmio deverá obedecer alguns critérios e cuidados: -

1.       Partir de parâmetros palpáveis, com metas justas, acima de tudo.

2.       Um método simples, onde o mais humilde dos subordinados possa compreendê-lo.

3.       Transparecer os resultados no dia a dia, a fim da equipe saber em que patamar esses resultados se encontram.

4.       Deixar todas as regras claras, para essa premiação.

Sabemos, diante mão, que o prêmio só poderá ser um aliado na busca de bons resultados se, seguir as regras citadas acima, pois caso contrário poderá ser um tiro no pé.

Não podemos perder a oportunidade de salientar e lembrar os diretores e gestores, de um modo geral, que os prêmios foram feitos para ser ganhos, pois por incrível que possa parecer, existem gestores que ficam nervosos quando têm que pagar o prêmio.

Acredito que todos os gestores deveriam ficar felizes em pagar esse prêmio, pois se ele aconteceu é porque a produção atingiu seus melhores resultados...

Meu recado – “vamos diferenciar o bom do ruim, vamos pagar mais para os melhores, não vamos permitir que os grupos com bom desempenho se desmotivem, por não serem valorizados...”

OS DEZ MANDAMENTOS DA PRODUÇÃO

1. ABASTECIMENTO PLENO

Para que se possa produzir, a regra número um é ter um abastecimento total, ou seja, entrar o serviço, no grupo de produção acompanhado de todos os aviamentos, fato esse que permitirá uma seqüência sem interrupções no processo produtivo. Uma medida bastante eficiente é a criação de um Kanban.

2. FLUXO DE MERCADORIA

Depois de bem abastecido através do Kanban o segundo passo é criar um fluxo da mercadoria. Esse fluxo poderá ser criado com uma receita de fabricação perfeita que permitirá o equilíbrio da diferença dos tempos padrões das operações. Note bem que não estamos falando de capacidade de máquina, mas sim fluxo de mercadoria. O balanceamento deverá ocorrer em função da meta de produção.

3. RÍTMO DAS OPERADORAS

Evidentemente só alcançaremos metas quando houver ritmo das operadoras, para que isso aconteça será preciso que as operações sejam feitas nos tempos pré-estabelecidos.

4. EQUILÍBRIO DOS TEMPOS PADRÕES DAS OPERAÇÕES

Se não trabalharmos essa diferença não atingiremos metas, pois cada operação tem um grau de dificuldade diferente, sendo assim, a carga de minutos para cada uma passa à ser diferente também. Esse equilíbrio deve ser muito monitorado pela liderança para que não corramos o risco de sermos eficazes sem sermos eficientes.

5. ENCARAR CADA GRUPO COMO SE FOSSE UMA FÁBRICA

A independência do grupo de trabalho é fundamental para que possamos ter bons resultados, pois permite um controle mais apurado, motiva as pessoas, faz crescer o grau de responsabilidade dos elementos do grupo e acima de tudo dá condição ao líder de conhecer e aproveitar melhor o potencial de cada elemento desse grupo.

6. CONTROLAR A PRODUÇÃO HORA A HORA

Tão importante quanto programar e planejar uma produção é o seu controle no decorrer do período. O controle para ser eficiente deverá ser analisado num período curto de espaço de tempo. Sugerimos que a cada sessenta minutos essa informação venha à tona para que o líder possa tomar as decisões de acordo com a variação desses resultados.

7. CORRIGIR QUALQUER DESVIO QUANDO NECESSÁRIO

Fazer uma marcação de produção só por fazer, não tem sentido. Portanto o grande objetivo é ter atitudes quando existem desvios nos resultados. O líder deverá entrar em ação quando um período não apresentar números satisfatórios, pois caso contrário cumprir ou não as metas seria a mesma coisa.

8. TRANSPARECER OS RESULTADOS COMPROMETENTO O PESSOAL

A motivação da equipe de trabalho é a base sustentadora para que os resultados sejam atingidos com sucesso. Sendo assim, não podemos falar em motivação sem sermos claros em relação ao “poder fazer” e realmente “o que se está fazendo”. Os elementos da equipe de trabalho deverão estar acompanhando os resultados para só assim perceberem a importância do seu trabalho (base da motivação).

9. NÃO ADMITIR RETRABALHO-ENCARAR ERROS COMO ACIDENTE

Toda vez que admitirmos um erro, ele acontecerá! O erro pode até acontecer, mas deverá ser encarado como acidente. A má qualidade é a maior inimiga da produção. Só tem produção quem tem qualidade. O tempo de fazer bem feito é o mesmo de se fazer com defeito, é só uma questão de capricho! Portanto não gastar tempo em desmanchar e refazer poderá dar uma condição de melhor aproveitamento de tempo.

10. BUSCAR SOLUÇÕES DO COTIDIANO COM A PARTICIPAÇÃO DO PESSOAL

Toda vez que um líder der chance ao seu subordinado de participar das decisões, ele estará fazendo crescer dentro desse funcionário uma sensação forte de importância do seu trabalho. Esse fato contribuirá para motivá-lo fortemente, pois as grandes soluções para os problemas da produção vêem do piso de fábrica.

           

        

O FLUXO DA MERCADORIA

A falta de fluxo de mercadoria é um dos principais fatores para o fracasso dos resultados no setor de produção de uma confecção.

Para compreendermos melhor essa afirmação é necessária, em primeiro lugar, separar o que chamamos de fluxo de mercadoria e fluxo de capacidade de máquina.

Fluxo de mercadoria é a forma em que o produto busca a última operação. É o caminho criado entre as operações, é o equilíbrio dos tempos operacionais, buscando a eliminação dos acúmulos intermediários no processo produtivo. Fazer as operações equilibradamente, independente do grau de dificuldade de cada uma delas. Se na primeira operação produzir X peças, fazer também X na operação seguinte, X na terceira e assim por diante.  Evidentemente que esse mecanismo deve ser feito de forma ininterrupta.

Fluxo de capacidade de máquina – isso não passa de fazer a capacidade de cada máquina, independente da meta, advogando em favor da operação. Explico melhor: - se a primeira operação a máquina produz 200 peças, produzirei 200 peças; a segunda operação produz 150 peças, produzo 150 peças; a terceira produz 120, produzirei 120 peças, e assim sucessivamente. Tudo errado!

Sempre deverei produzir a quantidade da meta e nunca a capacidade da máquina. Isso é regra...

Portanto para evitar que a entrada de serviço na célula seja diferente da sua saída, deveremos regular o fluxo da mercadoria.

Considero esse um dos primeiros fatores para sucesso nos resultados...

O AMBIENTE DE TRABALHO

A impressão que tenho é que em determinadas fábricas, uma nuvem preta toma conta do ambiente. Todas as costureiras mal-humoradas, cara feias, uma má vontade contagiante, tudo é difícil, enfim, mais parece o sinônimo do inferno...

Se você me perguntar quais são os resultados, tenho certeza que já sabe a resposta – péssimos. Não existe nenhuma chance de conseguir bons resultados num ambiente como esse que citamos acima.

O mais importante é determinarmos porque essa fábrica chegou nesse ponto?

Existem vários motivos para que esse caos se instale nas confecções, mas tenham certeza que o tipo da gestão é responsável pelo menos 95% desse fenômeno. São fábricas que não possuem líderes, mas sim chefes.

A desorganização impera, a falta de respeito ao funcionário provavelmente é grande, as cobranças não obedecem um critério de justiça, as “panelinhas” formadas pelas “chefes” prevalecem sobre o profissionalismo, causando a oportunidade de dois pesos e duas medidas nas ações da liderança, a falta de exemplo, que deveria ser uma coisa normal por parte dessa desastrada chefia, enfim, esse verdadeiro sinônimo de inferno.

Provavelmente essa fábrica está sujeita resultados idênticos à postura de seus gestores – um fracasso...

Uma coisa que o tempo me ensinou foi a importância de um bom ambiente de trabalho, arrisco-me a dizer que tem tanta importância quanto a parte técnica, pois estou cansado de ver, em minhas andanças, fábricas com excelentes costureiras e resultados péssimos, pois o ambiente de trabalho é péssimo...

Não é a cobrança por uma melhor produção que deixa a costureira descontente, mas sim a falta de critério nessa cobrança, a maneira de cobrar, a falta de orientação para que ela não precise ser cobrada.

Aprendi que funcionário que produz bem é aquele que está feliz, sabe da sua importância, é respeitada em todos os sentidos, é gente acima de tudo e tratada como tal principalmente pelos seus superiores.

Quando encontramos um bom ambiente, na fábrica, podem apostar que os resultados são bons.

Tenho lutado muito para acabar com um tabu antigo em nossas confecções – “patrões e empregados”, até tenho visto o uso de uma linguagem diferente – “colaboradores”. Infelizmente, em muitos casos isso não passa de hipocrisia.

Saiba que são pequenos detalhes que podem formar um bom ambiente de trabalho, mas sempre ele será construído “de cima para baixo”. Você sabe do que estou falando...

IMEDIATISMO, UM GRANDE INIMIGO

Nunca deveremos permitir que a necessidade de sermos rápidos comprometa resultados.

Evidente que tempo é dinheiro e sempre precisamos sair na frente do concorrente e atender bem nossos clientes não permitindo que haja atraso no prazo de entrega dos pedidos. Isso é obvio. Acontece que muitas vezes isso é confundido com falta de plano de trabalho. Preciso fazer tudo correndo e ficamos vulneráveis quanto ao sucesso do nosso objetivo.

A produção, geralmente, é vítima de atropelos que acabam comprometendo significativamente a eficiência do setor.

É fundamental termos um planejamento para tudo aquilo que produzimos. Podemos citar um fato que costumeiramente deixa todos com a sensação de que poderíamos ter feito melhor. Vou dar um exemplo para clarear essa minha afirmação: - O normal é que estudemos o produto a ser fabricado, ou seja, esse é o caminho para sermos eficiente. Arrisco aqui o passo a passo para atingirmos esse objetivo –

Em primeiro lugar deverá existir uma análise desse produto, estudar as operações que poderão comprometer a produção, estudar a melhor sequência operacional, as máquinas adequadas para cada operação, os meios de realiza-las com a maior eficiência possível.

O próximo passo é cronometrar essas operações a fim de poder determinar uma receita de fabricação adequada. A partir do momento que obtemos o tempo otimizado, criar as metas conforme a composição dos grupos de trabalho.

Outro passo importante é treinar a costureira para realizar essas operações nos tempos determinados. 

Método correto, metas atingidas. Isso é o mínimo para podermos trabalhar com sucesso.

Agora vamos a realidade – Tudo isso que relatamos acima geralmente não acontece...

O produto entra no grupo de produção sem estudo prévio nenhum, é feito sem critério, os tempos operacionais são feitos de qualquer forma, os gargalos de produção não são observados, as máquinas não estão preparadas para as operações, enfim, tudo de forma improvisada e sem critério. A alegação para esse caos?  Não deu tempo.... Tudo está entrando na produção de forma atropelada...

Pergunto, como ser eficiente diante de um quadro desses?

Isso chama-se falta de planejamento. É mais fácil culpar o cliente que fez o pedido com pouco prazo. 

Devemos aprender que isso não é problema do cliente, mas sim nosso, da nossa incompetência.

Tudo precisa ser planejado, caso contrário, pagaremos caro...

Coitado do pessoal da produção, sempre será taxado de incapaz, precisa fazer milagres para cobrir a fazer de bom senso dos gestores, que nem sabiam as condições desfavoráveis no setor de produção.

Lucro? Resultados? Fica por conta do atropelo...

AS VIRTUDES DE UM LÍDER

Costumo dizer que para ser líder é necessário algo mais do que simplesmente conhecimento técnico.

Um verdadeiro líder deve saber que muito mais importante que a técnica é sua postura diante das adversidades do dia a dia.

A liderança tem que saber lidar com coisas que o dia vai lhe apresentar e dependendo de como conduzir essas “coisas” o impacto nos resultados serão os fatores que definirão seu sucesso ou fracasso.

Para ser verdadeiramente um líder, existem características que jamais poderão falta –

1.       Ser justo.

2.       Ser exemplo.

3.       Ter carisma.

4.       Condição de resolver conflitos na equipe.

5.       Seguidor de regras.

6.       Humilde.

7.       Saber ouvir.

8.       Ter raciocínio rápido.

9.       Saber motivar.

10.   Enfrentar dificuldades com serenidade.

11.   Passar segurança à equipe.

12.   Transmitir confiança aos subordinados.

13.    Oferecer oportunidade de crescimento aos elementos da equipe.

14.   Buscar a participação da equipe.

15.   Ser leal.

16.   Não permitir que a impunidade seja uma porta aberta para outros problemas.

17.   Outros quesitos que seu cargo exigirá no cotidiano.

Enfim, saber que um líder não é um operacional, mas sim uma pessoa que arrasta a equipe atrás das suas atitudes...

Posso afirmar que estamos carentes de líderes verdadeiros, e desta forma os resultados, principalmente da produção se arrastam.

Também acredito que o que mais pesa nessa situação é a falta de treinamento, pois o líder também precisa, e muito, ser treinado, mas por falta de humildade desse líder, acaba não acontecendo, pois ele, na maioria dos casos, acha que saber tudo...